A Sociedade Maquínica de Guattari

A Subjetividade Maquínica


O conceito foi criado pelo filósofo francês Felix Guattari. Ele dizia que a subjetividade é maquínica, ou seja, é produzida no socius através de elementos heterogêneos como as relações sociais, as máquinas tecnológicas, as máquinas incorporais, o âmbito estético, a economia, a política, etc.

As mudanças do modo de produção de mercadoria para a produção de desejos, as revoluções tecnológicas, o forte avanço da comunicação e seu poder de controle exercem grande impacto nas subjetividades.
  
Poderíamos dizer que a máquina mecânica se apresenta como um agenciamento da produção da subjetividade em dois níveis: 1) um direto, referente à relação de continuidade do corpo humano com as máquinas tecnológicas e 2) um outro indireto, que seria o papel das máquinas como veículos de transmissão de agenciamentos coletivos de enunciação. 

A subjetividade tem a possibilidade de, através de máquinas tecnológicas avançadas, interagir com o mundo de uma forma inteiramente diferente. O computador, por exemplo, é capaz de criar imagens, cálculos, abstrações matemáticas, sensações artísticas e sensórias de uma complexidade tamanha que escapa à capacidade sensorial humana, tanto de produção quanto de percepção. O mesmo pode ser dito dos robôs que executam atividades de precisão microscópicas impossíveis para a os sentidos humanos. Isto, portanto, enriquece e transforma a subjetividade em sua relação com o mundo. 

O nível indireto contempla as máquinas enquanto intermediárias, enquanto veículos da propagação ou da reprodução dos enunciados coletivos tais como as modelizações subjetivas, ideais políticas, comportamentos etc. Trata-se especialmente das máquinas tecnológicas de comunicação, ou máquinas midiáticas, como a TV, o cinema, os telefones, computadores e reprodutores de músicas portáteis e assim por diante, que agenciam o contato da subjetividade com produções estéticas e científicas de toda espécie e de variados níveis sociais, étnicos, nacionais etc. Este nível indireto representa um papel mais ativo na produção da subjetividade. Poderíamos até mesmo falar de um certo grau de substituição do contato humano pelo contato com a máquina. 

Fonte: SOUZA, David Britto de. A Subjetividade Maquínica em Guattari


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