A rede como uma reflexão de realidades e intensidade em suas ações


Ontem estava eu a descansar de um dia cheio, fazendo o que a maioria das pessoas fazem hoje para relaxar o corpo e a mente, que seria navegar no Facebook. A rede social vem sendo um verdadeiro polo de concentração virtual de pelo menos 75% dos amigos e conhecidos próximos a mim, onde os mesmos tem espaço para escrever, comentar e compartilhar informações referentes à assuntos de seus respectivos interesses. O interessante é que no Facebook, vejo conteúdo voltado para a cena Rock de Fortaleza e demais cidades nordestinas (sendo esta, minha área de atuação profissional), como também notícias sobre Futebol Americano, ocorridos com amigos e parentes próximos, fofocas, pensamentos momentâneos de amigos em momento de carência social e de vez em quando nos deparamos com informações relevantes para nós (o que define ser relevante vai de cada um). Em outras palavras, o Facebook é um local de aglomeração de informações voltadas à conteúdos de meu interesse devido ao filtro que eu mesmo faço em relação a amigos e contatos profissionais.

O mais interessante também é que podemos receber algum conteúdo relevante de alguém que já foi próximo a gente, durante um certo momento de nossas vidas, e que hoje vivemos momentos diferentes, buscando e atuando em áreas diferentes, mas que nos encontramos num passado onde tivemos a chance de compartilhar algo em comum. Foi o caso do compartilhamento de uma carta escrita por um carioca que mora na Florida, postada pela página CartaCapitalista, que me chamou bastante a atenção, sendo até compartilhada por mim em minha página pessoal. Ah, cheguei até este conteúdo por causa de um ex colega de time de futebol americano, na época que treinávamos juntos pelo extinto Ceará Cangaceiro, em 2012, antes de sua união com os Dragões do Mar.

A carta, de autoria de Carlos Andre Montenegro e postada no dia 08 de setembro de 2017 pela página CartaCapitalista, dizia o seguinte. 


"Obrigado, Irma!
Faz dois anos que decidi me mudar do Rio de Janeiro para Miami com minha mulher e meus dois filhos, em busca de algo melhor para nossas vidas.

Por ironia, depois de dois anos vivendo na America, recebi o meu Green Card exatamente no dia em que também recebi a notícia de que o furacão Irma, o pai de todos os furacões, também está a caminho.
O governador da Florida, Rick Scott, assim que soube da gravidade do problema, foi para a TV e ordenou que todos no sul da Florida evacuassem suas casas imediatamente, pois as consequências podem ser catastróficas.
Da noite para o dia, como em um piscar de olhos, milhões, literalmente milhões de pessoas, abandonaram suas casas e já estavam nas estradas, subindo ao Norte.
Eu era mais um na multidão, no meio de um enorme congestionamento, e isso me fez lembrar das minhas voltas dos feriados de Búzios, na Região dos Lagos. A única diferença é que, pasmém, aqui na Florida, mesmo em uma situação absolutamente adversa, as pessoas não trafegam pelo acostamento para tirar vantagem e chegar mais rápido ao destino. Todos respeitam as leis de trânsito, mesmo em situações caóticas, emergenciais. Motociclistas loucos também não existem por aqui. É proibido trafegar entre as faixas. Acho que eles nem sabem o que significa isso, podem acreditar.
Quando encontrei um lugar seguro, a primeira coisa que eu fiz foi ligar a TV. Lá estava o Governador novamente falando ao vivo, e eu comecei a ter uma aula de patriotismo, solidariedade, respeito pelo próximo e, acima de tudo, respeito pela vida. A mensagem que mais me tocou foi: “se você não tem como sair de casa, seja por qual motivo for, ligue para o número que você vê no rodapé da imagem, que iremos agora na sua casa te salvar. Ainda temos tempo!”. Isso me arrepiou! Pensei: esse cara é o meu herói!
Lembrei automaticamente das enchentes de Teresópolis, tenho uma conexão com a cidade pois, desde que me entendo por gente, tenho casa lá. Anos após aquela triste tragédia de 2011, descobriu-se que a quadrilha de Cabral desviou parte do dinheiro que deveria ser utilizado nos resgates das vítimas e reconstrução da cidade. Até o prefeito foi preso. Confesso que tive vontade de vomitar ao comparar!
Voltando ao furação, as companhias aéreas americanas, das quais todos sempre reclamam, colocaram vôos extras, durante toda a madrugada, com preço fixo de $98 dólares, para ajudar a escoar o pessoal pelos céus. A Expedia, site de reservas de hotéis, ofereceu tarifas com descontos especiais em lugares seguros. O mesmo fez o Airbnb, site de reservas de casas e apartamentos. Os hotéis, por sua vez, passaram a aceitar mais hóspedes por quarto e também animais de estimação.
As operadoras de telefonia, que normalmente restringem suas redes de wi-fi aos seus clientes, liberaram internet grátis para todos. Onde existir cobertura, existirá wi-fi grátis. Comunicação, ou a falta de, pode salvar uma vida ou causar uma morte nesse tipo de situação. Até o hotel em que estou, acaba de informar que todo o conteúdo de filmes e desenhos, que normalmente é cobrado, será grátis nas próximas 72 horas.
O Google se uniu ao governo, em um esforço sem precedentes, para conseguir localizar e colocar em tempo real nos seus mapas (Google Maps e Waze) as ruas fechadas, bloqueadas e danificadas, após a passagem do Irma.
São muitos os exemplos, que realmente emocionam. Na maioria das vezes coisas simples, mas que trazem o mínimo de conforto nesse momento e esperança de um futuro melhor. Como diz o famoso ditado: depois da tempestade, sempre vem a calmaria."
Carlos Andre Montenegro
08/09/2017
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Tal carta chamou muito a minha atenção por ser algo que eu não esperava receber e muito menos, de uma excelente capacidade de reflexão que podemos fazer em relação a situações de catástrofes ocorridas no Brasil, que não chegam a ser como um furacão, mas que servem para expor as medidas tomadas pelo governo em prol do controle de tais catástrofes.

Gostei muito do relato de Carlos, de suas reflexões e analogias. Além da reflexão do tema da carta, também pensei imediatamente no seguinte indagamento: "Como eu poderia chegar a este relato, se não fosse pela rede social do Facebook?" O compartilhamento de informações é tão grande por lá, que nós acabamos encontrando algo bacana, podendo até a nos servir de aprendizado para algo em nossas vidas. 


Intensidade das Redes Sociais
Não é de hoje que as redes sociais vem sendo um local de compartilhamento de informações e indagações à assuntos que remetam a política de nosso país. Muitas manifestações recentes aconteceram, com a força da propagação de seus atos via Facebook, Twitter, Instagram e etc. Hoje você pode opinar, argumentar, provocar e refletir sobre o que bem entender (mas tenha a certeza de que ao publicar em modo público e visível à todos os seus amigos de redes sociais, isso terá uma propulsão bem maior). É por isso que ideias em comum vem ganhando tanta notoriedade e relevância. 

As redes sociais intensificam valores e ideias que são de um comum acordo entre a maioria, deixando ainda mais nas escuras o que os poucos pensam, mesmo também possibilitando voz à eles. É tudo muito intenso, devemos sempre estar com a cabeça bem fria e com as ideias no lugar sempre que adentramos no universo de redes sociais. Quando fazemos isso, podemos nos deparar com relatos interessantes como o de Carlos em sua carta. 


Gustavo Queiroz

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